segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A VERDADEIRA ESCOLHA

Por Jr. Balby

Durante a campanha de 2010 para presidência, ouviu-se mais insultos e denúncias que propostas. Nem precisava fazê-los, o povo já sabe, pois conhece o próprio quintal. E, ainda que a discussão de todos se volte para Serra ou Dilma, PSDB ou PT, não é essa a verdadeira escolha. O que se está escolhendo é entre melhorias ou estagnação. Mas, ao fim de mais um turno, não foi a glória das promessas que se viu, mas, sim, a tristeza das agressões.
O povo não quer lembrar da corrupção, da bandalheira histórica ou dos atos secretos. Já parece tão inato, que já nem é o foco. O povo só quer ser ouvido. Ser lembrado. Não adianta blasfemar um contra o outro. O que o povo precisa é atenção. O que o povo precisa é ouvir que a seca do nordeste vai diminuir com as irrigações do solo, que as famílias pobres receberão grãos para plantar, comer e vender.
O que o povo quer é saber daquela gente que tá embaixo das pontes à deriva, mais parecendo ratos que gente. O que o povo quer é ver seus filhos estudando em colégio público com dignidade, com cadeiras confortáveis, livros, papel e caneta e, principalmente, professores bem pagos e valorizados pra ensinar.
Que o transporte coletivo será mais barato e não um sinônimo de humilhação, onde em vez de homem, hoje, é preciso ser macaco pra se pendurar às portas, chegar ao trabalho atrasado e, ao fim do expediente, voltar pro barraco sem inspiração.
O salário mínimo é minúsculo. Com R$ 510 reais (quinhentos e dez reais), uma família de quatro pessoas mal pode fazer a mercearia do mês, pagar água e luz. Mas que água e luz serão pagas, se não há casa pra pagar aluguel? E os remédios pros meninos doentes? Em um cálculo rápido, o mínimo justo seria de R$ 1500 (mil e quinhentos reais). Absurdo? Não...necessário. A comida, a bebida, a moradia, a roupa, o transporte, o remédio, tudo é caro. Da onde vai sair o dinheiro? Das cuecas, malas e meias já seriam um começo.
Quem vencer deve ter um nó na garganta ao ver tanta miséria. Olhar em volta tantos pedintes velhos, adultos, jovens e crianças no sinal de trânsito, nos estacionamentos ao ar livre, nas portas de supermercados. Quem vencer deve temer a violência e a falta de liberdade pra ir ao parque da esquina ou até mesmo pra respirar, pondo-se no lugar do cidadão comum, que não anda com escolta de batedores e seguranças a tira-colo.
A discussão ainda é entre Dilma e Serra? Parece que não. A discussão é quem tá a passeio e quem vai fazer de verdade. Quem vai ficar sentado de enfeite e quem vai viajar pelo Brasil e ver todas as mazelas, cuidar das feridas, torcer para que cicatrizem. Não vai ser fácil.
Não importa quem vencer. Ou, pelo menos, não deveria importar. Porque quem vencer, tem que cumprir as suas promessas e as do concorrente, além de ouvir pedidos que apareçam no caminho. É obrigação. Não é favor. Independente de Serra ou Dilma. A verdadeira escolha está no coração de quem vencer. Quem pegar aquela faixa verde amarela, que o faça com amor e respeito, coloque-a no peito e diga: eu vou fazer.
E, enquanto todos disserem que, tudo isso, é “utopia”, ainda vai ser preciso continuar sonhando.

OBSERVAÇÃO

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